O espírito de Calebe
No livro de Números, no capítulo 13, Deus dá uma ordem para Moisés. Ele pede para que Moisés envie homens para espiar a terra de Canaã, que Ele daria
aos filhos de Israel.
E os homens foram
e voltaram após 40 dias. E o relato que trouxeram foi que, de fato, a terra
manava leite e mel, como o Senhor disse que seria. Porém, nela habitava um povo
forte, poderoso, grande. Por isso, segundo a maioria dos espias, o povo de
Israel não poderia lutar contra eles, pois certamente perderiam.
“A terra pelo
meio da qual passamos a espiar é terra que devora os seus moradores; e todo o
povo que vimos nela são homens
de grande estatura. Também vimos ali gigantes
(os filhos de Anaque são descendentes de gigantes), e éramos, aos nossos
próprios olhos, como gafanhotos e assim também o éramos aos seus olhos” (Nm 13:32,33).
Ao
ouvir essas más notícias, o povo de Israel entrou em desespero, começou a chorar
compulsivamente e a murmurar contra o Senhor, desejando a própria morte.
Porém,
esse não era um povo qualquer. Não era um povo que não tinha vivido nenhuma experiência
sobrenatural. Eles já tinham visto a glória do Senhor, milagres, maravilhas.
Por
que eles agiram daquela forma? Como alguém que vê tantas manifestações
incríveis do poder de Deus pode reagir de uma forma tão pessimista diante das dificuldades?
O Deus que abriu o mar vermelho diante deles, que os
libertou das mãos do Faraó, que os alimentou no deserto, não poderia fazê-los
vencer outro inimigo e entrar na terra prometida? Não era o novo desafio bem
inferior a tudo que eles já tinham enfrentado?
Quando Deus ordenou a Moisés que mandasse os homens espiarem a terra, Ele mesmo de antemão já havia declarado que daria aquela terra aos israelitas (“Envia homens que espiem a terra de Canaã, que eu hei de dar aos filhos de Israel” Nm 13:2).
O povo estava mais perto do que
nunca de entrar na terra prometida, mas não teve fé o suficiente para
enfrentar a última batalha.
Havia um espírito de incredulidade
dentro deles. O povo estava lamentando por uma batalha perdida, e ela sequer havia
começado. Eles se colocaram como perdedores antes mesmo da guerra começar. Eles
olharam somente para eles mesmos e chegaram à conclusão de que jamais iriam
vencer seu inimigo.
Infelizmente, grande parte dos
israelitas esqueceu do Deus que estava acompanhando-os desde
o começo daquela jornada. Isso deixou o Senhor completamente irado. (Disse o Senhor
a Moisés: Até quando me provocará este povo e até quando não crerá em mim, a
despeito de todos os sinais que fiz no meio dele? Números 14:11).
Aos olhos humanos, as circunstâncias para adentrar e
possuir aquela terra poderiam realmente fazer alguém crer que não seria
possível para os israelitas vencer aqueles adversários. Mas justamente os
escolhidos de Deus, que viveram tantas maravilhas, justamente eles, duvidaram. Eles
duvidaram do Deus que os tirou de circunstâncias ainda mais impossíveis do que
aquela.
A maioria dos espias acabou induzindo aquele povo, que já
era murmurador, a não acreditar que poderiam vencer o inimigo. Porém, haviam dois espias que não se renderam à descrença.
"Então, Calebe fez
calar o povo perante Moisés e disse: Eia! Subamos e possuamos a terra, porque,
certamente, prevaleceremos contra ela" (Números 13:30).
“E
Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, dentre os que espiaram a terra,
rasgaram as suas vestes e falaram a toda a congregação dos filhos de Israel,
dizendo: A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra muitíssimo boa. Se
o Senhor se agradar de nós, então, nos fará entrar nessa terra e no-la dará,
terra que mana leite e mel. Tão somente não sejais rebeldes contra o Senhor e
não temais o povo dessa terra, porquanto, como pão, os podemos devorar;
retirou-se deles o seu amparo; o Senhor é conosco; não os temais” (Números
14:6-9).
Apesar de Josué e Calebe tentarem suscitar a
fé no povo, quase foram apedrejados por causa disso. Deus precisou intervir na
situação e declarar o que haveria de acontecer:
[...]
nenhum dos homens que, tendo visto a minha glória e os prodígios que fiz no
Egito e no deserto, todavia, me puseram à prova já dez vezes e não obedeceram à
minha voz, nenhum deles verá a terra que, com juramento, prometi a seus pais,
sim, nenhum daqueles que me desprezaram a verá.
Porém o meu servo Calebe, visto que nele houve outro espírito, e perseverou em seguir-me, eu o farei entrar a terra que espiou, e a sua descendência a possuirá (Números 14:22-24).
No versículo acima, Deus diz que em Calebe houve um outro
espírito e que ele perseverou em seguir ao Senhor. Acredito que o espírito que
havia nele era de uma fé e confiança inabaláveis em Deus. Ele sabia que Deus
era poderoso para conceder a vitória ao Seu povo. Ele não duvidou do poder do Senhor,
ainda que as circunstâncias fossem impossíveis. E mais, Calebe e Josué não
esqueceram dos milagres que Deus já tinha feito. Eles não tinham medo do
inimigo, pois sabiam quem estava do lado deles naquela batalha, e mantiveram-se fiéis, crendo que se fosse do agrado do Pai, eles venceriam outra vez.
Não podemos permitir que as circunstâncias no
façam tirar os olhos daquele que cuida de nós. Não podemos permitir que as
lutas se tornem maiores do que o Deus a quem servimos, porque essas atitudes
nos farão murmurar, lamentar. Certamente temos muitas lembranças de várias situações
em que experimentamos o cuidado de Deus e não podemos nunca esquecer de nenhuma
delas. A gratidão é um dos elementos que fomenta a nossa adoração ao Senhor.
Muitas vezes podemos deixar de receber uma bênção
que o Senhor já tem liberada para nós por causa da nossa falta de fé e
murmuração. Diante de batalhas terríveis, realmente somos como gafanhotos (
Que não aja espaço em nossas vidas para que
sejamos dominados pelo espírito de incredulidade que reinava entre o povo que
morreu no deserto.
Se o Senhor nos colocar em um deserto, será para
nos moldar, nos provar e nos conduzir a um lugar abençoado. A fé sempre é provada no campo de batalha. E a sua devoção ao Senhor também.
Que tenhamos o mesmo espírito que Deus viu em Calebe. Um espírito que crê, não duvida, não murmura, não se esquece das vitórias do passado e não tem medo dos novos inimigos. Nunca se esqueça: Deus está com você, e Ele tem o controle da guerra.
"Se o Senhor se agradar de nós, ele nos
fará entrar nessa terra, onde manam leite e mel, e a dará a nós. Somente não sejam
rebeldes contra o Senhor. E não tenham medo do povo da terra, porque nós os
devoraremos como se fossem pão. A proteção deles se foi, mas o Senhor está
conosco. Não tenham medo deles!" (Números 14:8,9)